Um dos deuses mais antigos de Roma, Janus era o guardião de todos os portões e mestre de iniciação em todos os mistérios. Quase sempre, esculpido nos mourões e entradas das portas, suas duas faces significavam que ele podia simultaneamente ver todos que estavam chegando e saindo, olhando tanto para o passado quanto para o futuro. Seus atributos eram as chaves e o mastro de porteiro. Ele ocupava posição de destaque desde os primórdios, tanto que o primeiro dia de cada mês é sagrado para ele, assim como o primeiro mês do ano. No calendário gregoriano, o mês de Janeiro recebeu este nome por sua causa.
Existem muitos símbolos de transição, mas o portão ou porta é um motivo típico que representa uma entrada em outro mundo (um quarto, uma cidade, um palácio, um templo, uma instituição social) ou em outro estado de ser que pode ser divino ou diabólico, um paraíso ou uma prisão. Passar pelo portão é atravessar um limite, mover-se do conhecido para o desconhecido. Os portões podem estar abertos, mas com frequência estão fechados e protegidos; portanto, o viajante precisa de uma chave ou senha ou deve passar por um teste para conseguir entrar. Uma vez que os portões também são símbolos de iniciação, tipicamente pode haver uma série de portões ou mundos a ser negociados, cada um conduzindo a uma sabedoria maior, antes de se atingir o estado máximo de felicidade.
Há muitos exemplos na religião sobre a entrada no Céu ou no Inferno através de um portão ou porta. No Judaísmo, por exemplo, acredita-se que exista 1 portão para o Jardim do Éden (um símbolo do paraíso), mas 40 mil para o Inferno, mostrando o quanto é difícil encontrar a entrada para o Céu. Para os cristãos, Jesus é a entrada para a salvação: “Eu sou a porta: se alguém entrar por mim, será salvo.” (João 10:9). Na tradição mulçumana, diferentes níveis de paraíso são alcançados através de uma série de portões, com 100 degraus que levam a cada nível antes de chegar ao sétimo céu. Um ensinamento diz que a chave para estes portões possui três pontas: proclamação da singularidade de Alá, obediência a Alá e abstinência de malfeitorias.
As entradas são geralmente associadas com a morte e também com o nascimento. No antigo Egito, o deus sol Ra viajava pelo submundo todas as noites, passando através de 12 portões que representavam as 12 horas de escuridão antes de renascer a cada manhã. Algumas vezes, os ataúdes do antigo Egito eram pintados com uma pequena porta falsa, simbolicamente permitindo que a ha (alma) passasse por ali voando. Na Roma antiga, os mortos eram frequentemente retratados na arte em pé na frente de portas semiabertas. A palavra em hebraico para “porta” - daleth - também significa “útero” a passagem para a vida.
Número de páginas | 24 |
Edição | 1 (2018) |
Formato | A4 (210x297) |
Acabamento | Brochura |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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