Alguns trechos:
“Versos nascem / Por geração espontânea, / De repente surgidos ao acaso, / Em algum lugar da mente / De um desses loucos, / Que chamam por aí de poetas...”
“Algumas histórias de amor que conto / Ficaram somente no prefácio, / Não passaram de um triste conto, / Que jamais chegaram a um palácio,”
“Inspiração / É a arte / De converter / O Nada / Em Poesia”
“Afasto-me, encaro-a bem de perto e pergunto: / ‘E agora, o que faremos?/. / E você me responde com um beijo na boca, / De leve, como se avaliasse / O impacto que isto me causaria, / Mas aquele beijo foi como um terremoto, / Que abalou todas as minhas estruturas,”
“Meu destino parece ser contar / Sempre alguma história triste / Cuja narrativa me consome / Sobre alguém que uma vez partiu / Sem nunca mais um dia retornar”
“O tempo é como um rio, / Esguio, / Inexorável, / Implacável, / Arrastando em seu percurso, / Sem desviar o seu curso, / Mescladas em suas águas, / Dores e mágoas,”
“Prometi a ela que jamais a deixaria, / E cumpri a promessa, / Pois foi ela quem me deixou, / E é assim que começa / A história que pensei que jamais contaria, / Sobre o triste dia em que o mundo acabou,”
“Nessas rugas que vejo em meu rosto, / No desânimo sem fim nele exposto, / Tento agora apenas compreender / As coisas que não consigo entender / Sobre as ações desse ser tão profano, / Que se chama por aí de ser humano...”
“Empilharam-se malas antigas, / Cheias de tristes recordações, / Entoaram-se algumas doces cantigas, / Que habitavam nossos velhos corações. / Jogaram-se fora cartas rasgadas, / Que contavam histórias esquecidas, / Com palavras pelo tempo desbotadas, / Como acontece às viagens interrompidas.”
“Naqueles dias felizes, / Antes do tempo deixar cicatrizes / Sobre nossos corpos cansados, / Pelas décadas enrugados, / Cheios de marcas e memórias,”
“Eu te conheci num passeio de barco, / E imediatamente começamos um cerco... / À noite, fomos assistir a um circo, / Depois, eu te levei para comer carne de porco, / Em um exótico restaurante turco! / Mas nem só a minha carne é fraca, / E descobri que és levada da breca, / E que a atração entre nós nem Freud explica, / Pois surtaste ao te dar um beijo na boca, / E te arrepiaste, quando beijei tua nuca!”
“Se, aparentemente, na superfície / Felicidade ainda expresso, / É porque minha tristeza disfarço, / Embutindo-a em mim, bem profundo! / Mas a verdade que nunca lhe disse, / E que nem a mim mesmo confesso, / É que afoguei nas águas de Março /
Todas as tristezas que havia no mundo...”
“Vivo num eterno dilema: / Escrever mais um trecho de meu primeiro romance, / Ou um novo poema? / E, num relance, / Uma nova inspiração desponta, / Uma nova ideia em minha mente cresceu, / E antes que eu sequer me dê conta, / Um novo poema nasceu...”
“Algumas pessoas são tão degradantes / Que chamá-las de cocô do cavalo de um bandido, / Longe de ser xingamento, / Chega a ser quase um elogio, / Entre eles a maioria dos políticos,”
“Desde aquela noite sem fim / Em que se misturaram / Nossos fluidos bucais e corporais, / Nossas almas se emaranharam, / Seu gosto se entranhou em mim, / E não saiu nunca mais...”
“Os sonhos que me restaram, / Depois que os anos passaram, / São agora bem poucos, / E não tão loucos! / Nada de panfletos libertários, / Ou de ETs imaginários, / Nada de novas paixões, / Que deixem de herança perdidas ilusões...”
“Ou então, posso estar passeando na Holanda, / Visitando os seus famosos moinhos, / Lembrando de você, nua na minha varanda, / Enquanto me enchia de devassos carinhos, / Ou talvez esteja mais perto do que você pensa, / Em frente à sua porta, com o dedo na campainha, / Para lhe contar da minha paixão imensa, / E confessar que não existe saudade maior do que a minha...”
“E em cada encontro cheio de paixão, / Em que nossos corpos de beijos abusam, / Invento para ti uma nova canção, / Sobre teus lábios que nada me recusam...”
“Nossas camas se separaram, / Não mais corpos sobrepostos nos espelhos, / Nunca mais beijos e juras, / Nossos caminhos para sempre se desencontraram, / Não mais pedirei seus conselhos, / Para orientar algumas decisões obscuras...”
“E agora, você vem / Com essa cara de sonsa, / Perguntando se eu, sábio poeta, / Por acaso sei como desamar alguém? / Pobre tola, que se deixou iludir / Por uma promessa que nem recebeu, / Muito pelo contrário, / Foi tenazmente avisada / Para não deixar isto acontecer...”
“Tomo uma dose dupla de uísque, / Esperando que alguém me belisque, / Para acordar desse pesadelo, / Em que o tempo embranqueceu meu cabelo, / E, mesmo que alguém me desanime, / Por xingar um corrupto que quer voltar à cena do crime, / Sigo em frente, em meu libelo solitário, / Para expurgar de vez por todas o ex-presidiário,”
“Esse tempo implacável / Espalha-me rugas / E destrói meus neurônios, / E de modo imperdoável, / Nas noites verdugas, / Atiça sobre mim os demônios, / Disfarçados de políticos, / Que me pedem votos, / Jurando que vão mudar o mundo,”
“Por algum tempo, eu te amei, / Mas parece que não fui correspondido, / Aos poucos, eu me desenganei, / Como um dique que se houvesse rompido!”
“Nossa relação trafega em zigue-zague, / De altos e baixos repleta, / Até que inevitavelmente o fogo se apague, / Consumindo-se de forma completa... / Quando tudo parece estar bem, / De repente, sem razão, você pira, / Olhando-me como se eu fosse ninguém, / Ou um alvo que em sua frente surgira!”
“Você me olha com espanto, / Como se eu fosse algum verso / Que perdeu todo o encanto, / Um retrato perverso / Da desilusão...”
“Entre sonhos estranhos, mais uma noite morre, / E no intervalo entre pesadelos, / Com os olhos bem abertos, / Ouvimos fantasmas uivando, / E seu grito eriça-nos os cabelos, / E permanecemos despertos, / Enquanto a noite vai se esgotando...”
“E, na mesma hora, / Exatamente no mesmo instante, / Um verso foge de meu caderno, / Atrás de novas aventuras, / Ou de descobrir rimas estranhas, / Que juntas formem um poema, / E, solto no meio da noite abstrata, / Faz planos de se tornar eterno,”
“O que nós dois temos / Não se explica / Em qualquer compêndio / Ou enciclopédia / Pois juntos fervemos / E isto não se publica / Pois pode propagar um incêndio / Esse nosso calor acima da média”
“Devolvo o coração / Que você me emprestou, / Pois de nada me serve, / Assim tão machucado! / Você me jurou / Que esse coração era meu, / Mas era mentira, / Pois está todo estragado!”
“Quando se ama alguém, / Sonha-se com a recíproca, / E é lindo quando acontece, / Mas isto infelizmente é raro, / Porque de amor não se contamina...”
“Em nossos encontros, ficamos embriagados, / Mesmo sem ingerirmos nada alcoólico, / Mas o que fazer, se somos apaixonados, / E jamais tivemos um encontro bucólico?”
“Em silêncio, eu me despeço do amor, / Sem dizer uma palavra sequer, / E mergulho num limbo assustador, / Onde apenas a solidão me quer...”
Número de páginas | 111 |
Edição | 1 (2022) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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