56º livro do autor das séries Olympus e Erotique, com as seguintes obras já publicadas (pelo Clube de Autores e pela Amazon):
1. OS OCEANOS ENTRE NÓS
2. PÁSSARO APEDREJADO
3. CABRÁLIA
4. NUNCA TE VI, MAS NUNCA TE ESQUECI
5. SOB O OLHAR DE NETUNO
6. O TEMPO QUE SE FOI DE REPENTE
7. MEMÓRIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO
8. ATÉ A ÚLTIMA GOTA DE SANGUE
9. EROTIQUE
10. NÃO ME LEMBREI DE ESQUECER DE VOCÊ
11. ATÉ QUE A ÚLTIMA ESTRELA SE APAGUE
12. EROTIQUE 2
13. A CHUVA QUE A NOITE NÃO VIU
14. A IMENSIDÃO DE SUA AUSÊNCIA
15. SIMÉTRICAS – 200 SONETOS (OU COISA PARECIDA) DE AMOR (OU COISA PARECIDA)
16. AS VEREDAS ONDE O MEU OLHAR SE PERDEU
17. A MAGIA QUE SE DESFEZ NA NOITE
18. QUAL É O SEGREDO PARA VIVER SEM VOCÊ?
19. OS TRAÇOS DE VOCÊ
20. STRADIVARIUS
21. OS SEGREDOS QUE ESCONDES NO OLHAR
22. ATÉ SECAREM AS ÚLTIMAS LÁGRIMAS
23. EROTIQUE 3
24. OS POEMAS QUE JAMAIS ESCREVI
25. TUA AUSÊNCIA, QUE ME DÓI TANTO
26. OS DRAGÕES QUE NOS SEPARAM
27. O VENTO QUE NA JANELA SOPRAVA
28. EROTIQUE 4
29. A NOITE QUE NÃO TERMINOU NUNCA MAIS
30. AS HORAS QUE FALTAM PARA TE VER
31. OLYMPUS: LIVRO 1 – EROS (1ª PARTE)
32. OLYMPUS: LIVRO 1 – EROS (2ª PARTE)
33. NO AR RAREFEITO DAS MONTANHAS
34. VOCÊ SE FOI, MAS ESTÁ AQUI
35. O AMOR QUE SE FOI E NÃO VOLTOU
36. OS VÉUS DA NOITE
37. OLYMPUS: LIVRO II - ARES, ARTHEMIS, ATHENA, CHRONOS, HADES, MORPHEUS E POSEIDON
38. MADRUGADAS DE SEDUÇÃO
39. O LUAR QUE EM TEUS OLHOS HABITA
40. QUANDO SUA AUSÊNCIA ERA TUDO QUE HAVIA (contos e crônicas)
41. ESSA SAUDADE QUE NÃO QUER IR EMBORA
42. OLYMPUS: LIVRO 1 – EROS (3ª PARTE)
43. UM ÚLTIMO BEIJO EM PARIS
44. OLYMPUS: LIVRO III – APHRODITE, APOLLO, EREBUS, GAIA, HERA E ZEUS
45. DE QUAL SONHO MEU VOCÊ FUGIU?
46. O LABIRINTO NO FIM DO POEMA
47. CADÊ O AMOR QUE ESTAVA AQUI?
48. OS RIOS QUE FOGEM DO MAR
49. ÚLTIMOS VERSOS PARA UM PERDIDO AMOR
50. OLYMPUS: LIVRO IV – PANTHEON
51. AH, POESIA, O QUE FIZESTE?
52. UM VERSO SUICIDA
53. ELA SE FOI, E NEM DEIXOU MENSAGEM
54. A NAVE QUE TE LEVOU PARA LONGE
55. EROTIQUE 5
Alguns trechos:
“Quando eu morrer, ao fim dessas estradas, / Não me enterrem num cemitério qualquer, / Mas sim ao lado dela, / Se possível no mesmo caixão! / Deixem nossas mãos entrelaçadas, / Para que não fique, por um momento sequer, / Sem sentir sua presença, na mesma cela / Onde nos reuniu a Escuridão...”
“Depois, nada mais foi como antes, / De negro se vestiram as esquinas, / Mortalhas se espalharam triunfantes, / Carruagens infernais tocaram suas buzinas! / Os mortos se levantaram dos túmulos, / Vagando como indecifráveis zumbis, / Assassinatos chegaram a seus cúmulos, / Trucidando milhares de indefesos civis... / Mulheres lindas foram trancadas em jaulas, / Os rastros de violência se espalharam, / A liberdade foi banida das aulas, / E os amantes nunca mais se encontraram...”
“Em um universo paralelo obscuro, / O nosso amor não existe, / Para nós não há futuro, / O deus do Tempo é tão triste! / Nesse lugar, não nos conhecemos, / Nossos olhares nunca se cruzaram, / Solidão é tudo o que temos, / Nossos caminhos sempre se separam!”
“A vida escorre em mim num instante / Por este ignóbil buraco de bala, / Deixado por um vil assaltante, / E a melancolia em mim se espalha! / Nesses poucos momentos que restam, / Penso loucamente em minha amada, / E pensamentos ruins me infestam, / Enquanto meu sangue molha a calçada!”
“E, quando sobre nós chegar o inferno, / E a radiação consumir nossos corpos inocentes, / Cairá sobre o mundo um sepulcral inverno, / E vulcões expelirão cinzas nos céus incandescentes.”
“Quando foi que nasceram / Essas negras asas em tuas costas / Com estranhas garras agudas?”
“Quando chegar o último dia da Terra, / Mesmo em espírito, estaremos ainda juntos, / Observando como tudo se encerra, / Como os amantes se transformam em defuntos... / E, quando chegar esse dia funesto, / No céu, duas novas estrelas binárias brilhando / Estarão em eterno contraste com todo o resto, / Uma em volta da outra, para sempre se amando...”
“E cá estamos nós, / Lado a lado, / A sós, / Cheios de pecado, / Lembranças / Amargas / E semelhanças / Entre nossos perfumes / E sobrecargas, / Compartilhando costumes / Obscenos, / Terrenos, / Gritos roucos, / Corpos loucos / De prazeres / Orgásticos / E afazeres / Fantásticos / Até o amanhecer, / E depois / Nós dois, / Juntos, / A trocarmos assuntos, / Até o mundo morrer...”
“Em um sinistro Universo paralelo, / Jesus Cristo foi crucificado, / Mas não ressuscitou! / Debaixo daquele sol amarelo, / O amor foi vencido pelo pecado, / E Cristo aos céus não se elevou! / Naquele planeta triste, / Toda tentativa de amar é em vão, / A tristeza é soberana, / O ódio é tudo que existe, / Irmãos se matam, sem compaixão, / E a guerra reina, profana! / Naquela Terra maldita, / Que orbita no espaço sem fim, / Nunca houve um Salvador, / A solidão paira, infinita, / Nas veias corre sangue ruim, / E das ruas foi banido o amor!”
“A cidade crua, / Com sua face nua, / A sua casca rompe, / E logo corrompe / Quem não tem sossego, / Quem não tem emprego, / Com seu trânsito lento, / Com seu desalento, / Com as suas chagas, / Com as suas pragas,”
“Se será por sua magia que virarei seu escravo, / Mas talvez seja nesta noite que eu desbravo / Se farei suas vontades, ou ela será minha serva, / Nessa aventura que a bola de cristal nos reserva...”
“Eu procurava por ti, mas em vão, / Pois nunca te encontrava, / Eu te buscava em cada desvão, / Enquanto o exército dos mortos aumentava...”
“Essa escuridão que nos permeia / Faz-nos esconder atrás da porta, / Como um bandido que nos saqueia / Ou alguém que reaparece e está morta!”
“Não chore, está tudo bem, é apenas a morte, / Um dia teria mesmo de acontecer, / E entre nós dois, melhor que seja eu, / Pois você é muito mais forte, / E, de um modo ou de outro, vai sobreviver / Em um mundo onde o seu amor morreu...”
“Essa longa noite que atravesso / Num ser noturno me transformou, / Pois fui virado desse jeito do avesso / Desde que você se foi, e nunca voltou...”
“Aquele pequeno caixão / Dentro dele transporta / Toda a tristeza e compaixão / Que é possível por uma criança morta,”
“Nesta situação, muitos cometem suicídio, / Outros apegam-se a um fio de esperança, / E pedem a amigos alguma fonte de ganho, / Outros acabam cometendo um homicídio, / Enquanto o diabo, vendo a cena, dança, / Pois arrebanhou mais um para seu rebanho!”
“Resolvi me despedir dessa vida / E passar para a próxima fase, / Então este poema é uma despedida / Para minha linda morte kamikaze!”
“Estou em minha sala, em companhia da solidão / Quando, de repente, você bate à porta, / Mas só pode ser sonho ou alucinação, / Pois sei que você está morta!”
“Faz muito tempo que o nosso amor já morreu / Mas fica me rondando como se fosse um zumbi, / Com lembranças que o próprio tempo esqueceu / E cobrando-me um amor que eu nunca recebi!”
“Veremos abraçados as cinzas radioativas / Se espalharem por toda a Terra, / Enquanto as últimas paixões estiverem vivas, / No apocalipse da derradeira guerra. / E, quando sobre nós chegar o inferno, / E a radiação consumir nossos corpos inocentes, / Cairá sobre o mundo um sepulcral inverno, / E vulcões expelirão cinzas nos céus incandescentes.”
“Fui morrendo aos poucos, / Devagarinho, / Como só acontece aos loucos / E a quem ficou sozinho. /
Fui desmontando as caixas, / Onde guardava o que me pertencia, / Fui lamentando as baixas / Que se foram, junto com a Poesia!”
“Esta noite, você me apareceu, / Com olhos de quem pede perdão, / Mas deve ter sido só uma ilusão, / E quando abri os olhos, estava só eu.”
“Vem, oh, Natureza, / Ressuscita aquela chama / Que mostra a tua grandeza, / Para limpar toda essa lama! / Faz tremer todos os pilares / Que sustentam os portais da Terra, / Empresta tua fúria aos mares, / E à imensidão que neles se encerra!”
“Nos trilhos da vida, a tristeza dispara / Como se fosse uma veloz locomotiva, / E a maldita solidão ri de nossa cara, / Quando percebe nossa dor convulsiva... / E fica um gosto estranho na garganta, / Que nos faz engolir em seco, / Na angústia que no peito se agiganta, / Como se um monstro nos aguardasse num beco!”
“Quando ouço o arrastar de correntes, / E vejo lençóis pairando soltos no ar, / Escuto estranhos ruídos intermitentes, / Nas noites que não me deixam respirar! / O que será que me faz ser assombrado, / Que crime terrível terei cometido? / E essas portas onde passei um cadeado, / Como se abrem com esse sinistro rangido?”
“As luzes das lanternas não conseguem / Iluminar as sombras que me perseguem / Ocultas debaixo das escadas sombrias / Fugidas das noites mais torpes e frias / Essas sombras que lá se escondem / Soltam gritos que não se escutam / E que só os demônios respondem / Vindos do inferno onde se ocultam”
“Quando as últimas bombas subirem, / Será o início da última guerra, / E, quando elas explodirem, / Será o fim da vida na Terra / E de nosso amor eterno, / Nesse planeta então extinto, / Num permanente inverno / Radioativo, com sangue retinto.”
“Quando foi que abandonaste / Nosso mundo de sonhos e fantasia / Onde o meu amor te prendeu? / Como foi que te afastaste / De nossas noites de sexo e Poesia / Só porque um vampiro te mordeu?”
“Ultimamente, vivo assombrado / Por teu fantasma assanhado, / Que se diverte em me provocar, / E depois se desvanece no ar, / Sem deixar rastro ou perfume, / Somente deixa o negrume / Da noite, pois desliga a energia, / E fica sem luz até o raiar do dia,”
“Doce vampira, chupe meu sangue, / Até a última gota, com vontade, / Até me deixar completamente exangue, / E farei parte de ti, por toda a eternidade...”
“Durou apenas um segundo / O tempo entre a explosão / E os corpos espalhados no chão! / Parecia o fim do mundo, / Tanto sangue derramado nas ruas, / Tantas vidas desperdiçadas, / Quantas famílias despedaçadas, / Para as quais não haverá mais luas, / Nem lindos sonhos a conquistar!”
“Descobri, tarde demais, que as bruxas hoje nos reduzem / A inofensivos brinquedos, escravos sexuais e joguetes, / Enquanto voam por aí, lindas e louras, / E aos pobres e infelizes mortais seduzem, / Montadas em seus avançados foguetes, / Disfarçados em inocentes vassouras!”
“Olhei pela porta semicerrada, / E quase morri de susto, / Pois estavas no escuro pelada, / Mas escorria sangue por teus caninos! / Pensei que Deus fosse justo, / Queria teu amor, não teus dentes assassinos...”
“Mas sua boca ainda se mexia, / E, com horror, percebi o que tentava dizer, / E congelei então tudo que havia, / Sem saber mais o que fazer! / Mas a palavra maldita ainda bailava até mim, / E por isto cheguei ao meu limite, / E então congelei o espaço sem fim, / Até o dia em que Deus ressuscite...”
“Guarde de mim apenas suas lembranças, / Distribua meus parcos pertences entre os pobres, / Aquele nosso amor imenso no coração preserve, / Não perca jamais as suas esperanças, / Que fazem de seu coração um dos mais nobres, / Um pensamento para mim em seus sonhos reserve...”
“Infame vampira, que dormes numa tumba, / Em teu sinistro castelo moderno, / Lutarei até que como guerreiro sucumba, / Pois não tenho intenção de ser eterno, / E te exorcizarei com uma macumba / Que anotei na última folha de meu caderno,”
“Vermelha é a cor de teu sangue / Que espalhas pela relva, / Pelo pântano, pelo mangue, / Pela planície, pela selva, / Pelas colinas, pelas montanhas, / Entre meus olhos, pelo meu peito... / Provocas sensações estranhas / Com esse sinistro jeito / Que às vezes me mostras,”
“Em todo o mundo, terroristas bombas explodem, / A Terra está à beira de uma guerra nuclear, / Terremotos, tsunamis e furacões sacodem / Países pobres ou ricos, e nem sais do lugar?”
“Você para mim é um estorvo / E vive saltitando ao meu redor / Como se fosse um maldito corvo / Que conhece meus passos de cor / Você fica por aí me bisbilhotando / Como se não tivesse o que fazer / Qualquer dia vou te ouvir crocitando / Com suas negras asas a bater”
“Você me sepultou na cova rasa / De seu infinito desprezo, / Entre corvos e urubus sem asa, / No fundo da qual fiquei preso... / E me afundei nesse poço profundo, / Onde chafurdam sentimentos nefastos, / Onde habita a miséria do mundo, / Entre seus pântanos mais vastos...”
“Assassinei você das minhas lembranças / E renovei as minhas parcas esperanças / Com esse crime quase perfeito! / Mas algumas coisas não têm jeito, / Pois às vezes você em mim ressurge, / E contra ficar no limbo se insurge!”
“Eu disse adeus, e fui para longe, / Tentando esquecer todo o teu encanto, / Triste e solitário como um monge, / Tentando me ausentar dessa tristeza / Que insiste em reviver o passado, / Nessa saudade que me deixou sem defesa, / Enterrando o amor que por ti foi assassinado...”
“Seu olhar ardente me assusta, / Com suas risadas estridentes, / Mas não é uma luta justa, / Meu pescoço contra seus dentes!”
“Depois que secarem os últimos poços, / De nós ficarão só os ossos / E esqueletos de cidades desertas, / Restos de feridas abertas / Pela nossa ignorância, / Pela nossa beligerância, / Que destruirão este lindo planeta, / Mais do que fez um cometa, / Que nos atingiu há milhões de anos...”
“Depois do último pôr do Sol, / Depois que cair a última bomba, / Não haverá mais eu e você, / Somente um planeta destruído, / Coberto de poeira radioativa, / Morto! Como nós dois...”
“E camuflado pelos trilhos do bonde / Um soluço desesperado se esconde / Triste sobrevivente de um cataclismo / Tentando escapar do fundo do abismo / E no ônibus lotado em plena hora do rush / Uma lágrima disfarça para que ninguém a ache / Escondendo-se de olhos que preferem não ver / O desespero de alguém que só quer morrer”
“Por isto, guardo de novo teu diário na caixa, / Pois não quero profanar teus belos segredos, / Com infinito amor, eu a enrolo numa faixa, / E a embalo com carinho entre os dedos... / Ajoelho-me, e enquanto as lágrimas descem, / Concentro-me, com fervoroso ardor, / E, sem ligar se a tristeza e a dor ainda crescem, / Confio-te a Deus, com minha mais doce prece de amor...”
“Um dia, alguém que eu amava / Perguntou-me, perplexa: / ‘Você existe mesmo? / Difícil acreditar que é de verdade!’ / Pesaroso, respondi: / ‘Existi, até duvidares de mim.’ / E numa nuvem de fumaça, desapareci / Diante de seus olhos dilacerados...”
“Mas não tenho medo de nada do além / E para mim tu não és ninguém / Exceto esse monstro vindo do inferno / Que achava que seu poder fosse eterno / Mas que urra de dor quando me ataca / E sente que cravo em seu peito uma estaca / Para mandá-la para o inferno de onde veio / Com essa estaca cravada em seu seio / E de repente se transforma em fumaça / Sem deixar nem mesmo a maldita carcaça!”
“Do lado de fora da minha janela / O teu rosto esmaecido me encara, / Um espectro nessa noite tão bela, / Cutucando a saudade que se escancara! / Esse fantasma, assim flutuando no ar, / Como se alguma pessoa voar pudesse, / Insiste em todas as noites me vigiar, / Como se esperasse que algo eu confesse!”
“A Poesia que havia me abandonou, / Pois era em ti que ela morava, / Saudade e solidão, eis o que me restou, / Nesta casa onde teu riso me encantava! / Somente o teu fantasma habita esta casa vazia, / Tropeçando nos móveis, derrubando cristais, / Soprando em meus ouvidos, nesta sala tão fria, / Que teu perfume não preencherá nunca mais...”
“À noite na praia, julguei ver teu fantasma, / Mas não sabia que havias morrido! / Será mesmo um ectoplasma, / Ou será um sexto sentido? / A tua visão flutuava sobre a água, / Como se fosse de éter, / Ou como se vestisse uma anágua, / Ou se tivesse um cateter / Inserido no calcanhar, / Ou se tivesse uma navalha / Cravada fundo na jugular! / Tentei lembrar o teu nome ou teu celular, / Mas em minhas memórias havia uma mortalha, / E eu estava com fome, te esqueci, e fui jantar...”
“Nas ruínas de Notre Dame, / Dois fantasmas choram! / Quasímodo e Esmeralda / Não seguram as lágrimas / Com o teto desabado, / Cinzas por todos os lados, / Pinturas queimadas, / Vitrais destruídos, / Tesouros que se perderam, / Relíquias cristãs jogadas aos leões, / Um monumento que sangra, / Como sangramos todos nós / De tristeza e desolação!”
“Procurei algum sinal de minha amante imaginária, / Mas tudo o que encontrei foram silêncio e mistério, / Liguei para o número dela, e estava fora de área, / E quase fui procurá-la no mais próximo necrotério! / Não entendi porque não havia roupas no armário, / E o mistério só se desvendou quando vi no jornal / Uma foto, num convite para a missa de aniversário / Da morte dela, que ocorreu dois dias antes do Natal!”
“Eu te procuro pela cidade, / Enquanto as bombas caem, / No último dia da Terra, / O Apocalipse tornado realidade, / Vidas que se subtraem / No desespero da última guerra... / Quando a radiação nos alcançar, / Nesse derradeiro entardecer, / Quero estar em teus braços, / E no último instante te beijar, / Será um sonho se puder morrer / Na doçura de teus abraços...”
“Quando chegar a minha hora, / Ore por mim à mais próxima estrela, / E deixe que o vento meu espírito leve, / Leve, livre dessas amarras, / Que a vida terrena me aplicou... / Solte meus versos na noite, / E deixe que ela os leve, / Leves, para espalharem por aí o amor, / Entre os amantes que se escondem, / Por medo de ao amor se entregarem, / Ou que o mundo os maldiga...”
“Hordas de demônios herdarão a Terra: / Formigas e baratas, depois desta última guerra, / Com seus corpos simples e resistentes, / Serão os últimos sobreviventes, / Depois que o último homem se for, / Depois que o último dia matar o amor, / Na destruição gerada por malditos gênios, / Na noite sem fim que durará milênios...”
“Seu fantasma fica me rondando, / Dando risadas na minha frente, / Mas não sei até quando / Durará esse ectoplasma insistente! / Quanto mais eu o ignoro, / Mais ele fica fazendo caretas, / E aqui na rua onde moro, / Até aplaudem as suas piruetas! / Esse espectro virou motivo de piada, / E vivem de mim fazendo chacota, / Mas essa piada não é engraçada, / E não gosto de ser alvo de anedota!”
“Todos temos algum esqueleto / Guardado no fundo do armário / Por isto mesmo não me meto / Em buscar argumento contrário! / Esqueletos de ossos quebrados / Emitem um ruído assustador / Deixando-nos os dentes trincados / Como num filme de terror!”
“Essa escuridão ao teu redor / Vai te devorando aos poucos, / E vai ficando cada vez pior, / Como é privilégio dos loucos! / Esse horror tão intenso / Que te circunda / Gera o pavor imenso / Que te inunda...”
“Crianças são treinadas como soldados assassinos / Para se explodirem como se fossem anjos divinos, / E, sem aviso, as bombas explodem em redações, / Cidades históricas ruem em cruéis explosões... / Terroristas adoram espalhar o pandemônio, / Será que algum dia deixarão de adorar o demônio, / Essa besta à solta em Riad, Damasco ou Bagdá, / A quem cultuam, disfarçado de Allah?”
“Tens alguma coisa de sobrenatural, / Pois como explicar isto que sinto? / Ou só me livrarei se houver contato carnal, / Depois de algumas garrafas de vinho tinto? / Onde foi que deixaste o botão de desliga, / Ou isto acontece com um estalar de dedos? / Onde escondeste essa magia que me instiga / A me perder em teus sombrios segredos?”
“Nada é tão melancólico / Quanto o amor que um dia se foi, / Soprado e levado pelo vento / Para o deserto do esquecimento. / Quem dorme ao teu lado na cama, / Não é mais quem tanto te amou, / Mas um espectro distante do passado, / Que a poeira do amor apagou...”
“Você me jogou uma praga / Que os meus sorrisos estraga / E espanta quem estiver por perto / Desse meu caminho deserto”
“Uma promessa é um doce feitiço / Que os sonhos acalenta / Até tomarem chá de sumiço / Quando a paixão se afugenta...”
“Voas livre pelos ares, / Enfeitiçando todas as criaturas, / Por entre as nuvens te elevas, / Espalhando pelos céus as tuas trevas, / Sem nem te lembrares / Desse amor cuja saudade é a maior das torturas...”
"Trocamos juras de amor pelo domingo inteiro, / Mas, na manhã seguinte, na cama está vazio o seu lugar, / Não há rastro seu, nem mesmo o seu cheiro, / Era apenas um fantasma que veio só me assombrar..."
“Senti um sinistro arrepio na nuca, / Quando toquei no teu rosto gelado! / Bateu-me então uma ideia maluca: / Será que és um cadáver reanimado?”
“Mas o toque de seus lábios permanecerá / Para sempre em mim tatuado, / Como se fosse um beijo roubado, / Ou como se houvesse sido esculpido / Por uma flechada invisível de Cupido! / E esse beijo sutil e momentâneo, / Mas principalmente espontâneo, / Terá sido dado para ver se eu descubro / Nesse dia trinta e um de outubro / Se você é mesmo de verdade, / Com esses seus infinitos olhos de jade?”
“Um dia, você partiu sem aviso, / E a escuridão encheu a manhã... / Como eu pude ter sido tão cego, / Sonhando com você e deixado para trás? / Então você encheu minha mente com memórias, / Com histórias nunca vistas e nunca sonhadas, / Mas o pior é o horror que apaga a luz, / Trazendo seus rastros na noite sombria...”
“Assim, o feitiço viraria contra a feiticeira, / E seria eu então a fazer você de joguete, / E depois de fazermos amor numa banheira, / Voaríamos pelos céus, em seu mágico tapete...”
“Você me enfeitiçou para Semp, / Com esses seus Sapólios vampirescos, / E piquei congelado numa Brastemp, / À Mercedes de seus desejos grotescos! / Mordeste minha jugular no final de uma Fiesta, / Após tomarmos uma tarrafa de Concha y Toro, / E agora com o pouco Mustang que me resta / Terei de tomar Quasar dois litros de soro!”
“Sei que para sempre lhe deixarei um desgosto, / Mas meu amor, para sempre será dela, / E uma lágrima pungente rolará em seu rosto, / Sempre que receber uma bela rosa amarela / Que lhe enviarei do túmulo uma vez por ano, / Enquanto viver, para quando mudar de idade, / Saber, mesmo que eu não seja mais humano, / Que levarei seu amor por toda a eternidade...”
“No túnel que se abre no fim da estrada, / Um trem desgovernado saiu do trilho, / Uma bala perdida foi encontrada, / E o olhar de sua amada perdeu o brilho! / A vida sempre guarda algumas surpresas, / Quando menos se espera, chega uma delas, / Que desmorona suas parcas defesas / E incendeia todas as suas poucas velas...”
“Em noites de lua cheia, / Em um lobisomem me transformo. / Uma sede de sangue me assombra, / E, para não matar, acorrento-me em uma cadeia. / Com meu destino, não me conformo, / De um homem, virei apenas a sombra, / Tantas noites acorrentado num mastro, / Atormentado por sedes estranhas. / Mas não me esqueci de tua pele de alabastro, / Nem de teu cheiro, gravado em minhas entranhas...”
“Será que me torno um ser da escuridão, / Que somente o sangue quente satisfaz? / Ou a lua cheia traz-me à mente um vulcão / Que enquanto a noite durar, tira-me a paz? / Por que quando acordo de nada me lembro, / Mas minhas roupas estão sempre em farrapos? / Por que o ano todo, de janeiro a dezembro, / Minhas lembranças noturnas são apenas fiapos?”
“E, quando despertei, estava livre de tua presença, / Nunca mais seria assombrado por ti outra vez, / Não seria jamais contaminado pela tua doença, / E não teria pesadelos com aquela tua palidez! / E nesses versos sombrios, deixo aqui registrado / Que o inferno tem entre nós seus enviados, / E entre quem tem o poder, haverá um amaldiçoado, / A cravar na jugular de inocentes seus dentes afiados!”
“Seu fantasma vem, em todas as madrugadas, / Dar-me um alô, um beijo, ou então simplesmente / Fica sentada ao lado da cama, numa poltrona, / Deixando-me com todas as antenas ligadas, / Pois é apenas uma invenção de minha mente, / Uma manifestação da saudade que não me abandona! / Pois como poderia você ter um fantasma, / Se continua por aí, alegre e bem viva? / E se, algumas noites, até me telefona, / E sua alegre voz às vezes até me entusiasma, / Mas logo volta essa tristeza corrosiva, / Que, quando fico sozinho, chega e me detona?”
“Não adianta quereres que eu morra / Nessa tua sombria masmorra, / Nesse teu antro medonho, / Um pesadelo parido de um sonho!”
“Acho que esse frio vem desse fantasma, / Que você deixa aqui quando se rebela; / Como me aborrece esse ectoplasma, / Que fica em meu quarto como sentinela! / Mas não o vejo, pois é um fantasma afinal, / Mas esse mistério esquisito me descabela, / Pois esse frio na noite quente não é normal, / De onde vem tanto gelo numa noite tão bela?”
“Depois que terminou nosso amor, / Entrei numa fase meio dark! / Passei a só assistir filmes de terror, / Ou de monstros, como o Jurassic Park! / Sem a sua luz que me salvava do escuro, / Cada vez mais, mergulhei na escuridão, / Vejo vultos, espiando por cima do muro, / E no jardim, descubro dentes de dragão!”
“Não sei de onde você veio, / Pois surgiu bem na minha frente, / Mas tem tatuado no seio / Um vermelho tridente! / Você chega nas noites sombrias, / Sem que o espelho lhe mostre o reflexo, / Desnuda suas nádegas macias / E me oferece o seu sexo... / Mas ando meio ressabiado, / E há dias me espanto de chofre, / Pois quando estou ao seu lado / Sinto às vezes cheiro de enxofre!”
“Você morreu, mas nunca descansa, / Parece que pensa que ainda está viva, / E já estou perdendo a minha esperança, / Que dessa sua aparição ficou cativa... / Você não entende que segui em frente, / E insiste em não sair de perto de mim, / Essa assombração que me deixa demente, / E que temo que não suma até o meu fim...”
“O perigo de espreitar monstros, / Que no fundo de fossos se escondem / É que, quando você se levanta, / Os monstros estão bem atrás de você!”
“Não chores, todas as cores um dia passam, / Pessoas vão para os cúmulos todos os dias, / O quiabo é irredutível, não importa o que façam, / Arrasta para o inverno quem viveu em regalias! / Mas eu, que nunca feri nem empatei ninguém, / Não cem para onde serei levado após a morte, / Ficarei no purgatório, à esfera de alguém, / Ou será reservada tara mim a mais cruel sorte?”
“Nessa minha solidão nativa, / Você é uma morta-viva, / Sempre por aí a me assombrar, / Um fantasma sob a luz do luar!”
“Em teu olhar vejo uma mortalha / Que nosso amor sepultou, / E em teu coração o ódio se espalha, / Por quem mais te amou! / O que poderia te dizer nessa hora, / Em que vejo esse morteiro / Que sobre mim paira agora?”
“Nas profundezas de minha mente, / Você reina soberana e absoluta, / Regendo esse meu amor demente, / Contra o qual meu cérebro reluta... / Nas profundezas de meus sonhos, / Gravei fundo o seu doce nome, / E entre tantos pesadelos enfadonhos, / Você chega suavemente e me consome...”
“E toda noite vêm esses pesadelos, / Quando a saudade desponta, / Eriçam-se os meus cabelos / Ao ver o teu vulto nas sombras, / E pergunto, quando essa visão me desmonta: / Por que até hoje me assombras?”
“Sou teu prisioneiro por enquanto, / Mas um dia escaparei de teu jugo, / E em teu coração cravarei uma estaca, / E quando me olhares com espanto, / Saberás que sou eu o teu verdugo, / Pois só assim o meu ódio se aplaca...”
“Parei bem à beira do abismo, / Para vasculhar o que havia em seu fundo. / E ele me segredou, com cinismo: / ‘Pule, que eu lhe mostro num segundo!’ / Mas respondi ao abismo, sério: / ‘Você já me respondeu, / Já não é mais nenhum mistério, / Você só quer outro morto para chamar de seu, /Mas esse morto não serei eu’!”
“Com seus braços e pernas se desfazendo, / Levantou-se das covas um exército de mortos, / Tentando entrar nas casas, os ossos rangendo, / Mas como combater cadáveres desmortos? / E pela noite inteira seguiu esse pesadelo, / Por toda a cidade, sem nos darem sossego, / Seus gritos dilacerantes a me eriçar o cabelo, / Mais penetrantes do que o guincho de um morcego!”
“Saímos dali correndo, apavorados, com a brisa fria em nossas costas, / Convictos de que um pedaço do inferno morava junto de nós, / Todo esse tempo, sem que sequer percebêssemos, / Mesmo que de vez em quando um dos aldeões sumisse, / Sem deixar nenhum rastro, e nunca mais voltasse. / Eu vi, senhor viajante, e nunca mais me esquecerei / Daquele dia amaldiçoado em que dois demônios se cruzaram, / E o demônio mais antigo venceu a batalha...”
“Estou enfeitiçado pela linda sereia, / Sei que preciso escapar, mas não quero, / Pelo menos até que termine a lua cheia, / E eu possa colher seu beijo que tanto espero... / Depois, talvez eu consiga escapar… ou não! / Quem sabe os desígnios de um feitiço assim? / Talvez eu não consiga resistir à paixão, / E fique junto com ela, até o meu fim...”
“O céu dos cachorros hoje ganhou mais um anjo, / E em teu lugar, ficou um imenso vazio, / Em vez de teus latidos amigos, apenas tua ausência... / Hoje, a tristeza aflora em meus olhos, / E cala fundo dentro do peito, / Em uma lágrima furtiva que insiste em rolar...”
“Uma a uma, as usinas e suas luzes se apagaram, / E a noite estranha se espalhou como breu, / Pela última vez, alguns casais se amaram, / Enquanto o pavor inexoravelmente cresceu! / Segurei bem forte a sua mão, tão quente, / E nossos olhos trocaram uma interrogação: / Ficaríamos juntos, depois do último poente, / Ou perderíamos nosso amor para a Escuridão?”
“Há mais mistérios nesse mundo do que se acredita, / Essa raça que lá mora eram os deuses de outrora, / Que vagava entre os homens, mas se tornou eremita, / E se alguém os encontrar, abrirão a Caixa de Pandora! / Como está escrito, a vida se perderá num labirinto, / E depois, o farol do fim do mundo não mais existirá, / Pois a Terra se tornará apenas um mundo extinto, / Que no espaço infinito, solitário para sempre vagará...”
“Do lado de fora das vitrines / Dos grandes magazines, / Pessoas famintas espreitam, / Pedindo esmolas aos que se deleitam / Em comprarem o que não precisam, / Desprezando o solo onde pisam, / Sem ligarem para quem morre de fome, / Para os desprezados sem nome, / Para os quais o Natal é um teatro, / Encenado nas ruas onde ficam de quatro / Por um mísero prato de comida, / Sem mais nenhuma esperança na vida,”
“Dizem que o primeiro amor ninguém esquece, / E, ontem, tive uma triste notícia: / A minha primeira amada partiu em sua última viagem, / Para a terra dos sonhos esquecidos / E dos destinos nunca cumpridos...”
“Meus sonhos o tempo todo frequentas, / Eu te procuro, mas sempre me escapas, / E minhas fantasias ainda acalentas, / Mas onde te escondes não está nos mapas! / Quando olho no espelho, estás ao meu lado, / Mas quando me viro, de novo sumiste, / Teu fantasma minha vida tem assombrado, / És a recordação que de mim não desiste...”
“Nesses teus olhos fantasmagóricos / Que me testam sob a luz do luar, / Vejo rastros de monstros pré-históricos / Que se esconderam no fundo do mar! / Esse olhar estranho me assombra, / E frequenta os meus pesadelos, / Ainda mais porque não vejo tua sombra, / E quando me olhas, eriçam-se meus cabelos!”
“Oh, pitonisa das trevas, / Que fazes previsões do futuro, / Consultando tuas fontes primevas / Do inferno, em algum quarto escuro... / Oh, oráculo das brumas, / Que em algum antro te escondes, / Entre pântanos e negras espumas, / Em cujos segredos sombrios sondes...”
“Os que vêm com a noite não são tímidos / Mas se escondem das luzes intensas, / Em seus olhos grandes e úmidos / Escondem-se malvadezas imensas... / Eles estendem suas negras asas / E apertam seus olhos multifacetados, / Para procurar presas dentro das casas, / De preferência solitários ou abandonados...”
“Seu lindo corpo é um planeta árido, / Em suas veias corre sangue rochoso, / Brota gelo de seu rosto branco e pálido, / Promete atentados o seu olhar perigoso!”
“Mas sei que tudo isto é loucura, / Pois você se foi para baixo da terra, / Mas em todos os lugares deixou sua doçura, / E esse fantasma, que minha mente desenterra! / Esta insanidade, sei que durará até que eu morra, / Aquele amor imenso nos deixou interligados, / Minha mente oscila, nessa sinistra gangorra, / Nós dois para sempre girando, em sinistros bailados...”
“Toda vez que olho nos espelhos, / Vejo o teu espectro atrás de mim, / Com um brilho nos olhos vermelhos, / A contrastar com tua pele de cetim. / Por que assim me assombras / Se as pontes de nosso amor desabaram? / Por que te ocultas nas sombras, / Foram só elas que de nós restaram?”
“Perdoe-me por ter te abandonado / Quando mais precisavas de mim! / Como pude ter te deixado / Tão fragilizada assim? / Não me perdoarei jamais / Por ter trancado o meu coração, / Mas agora já é tarde demais, / Exceto para chorar em teu caixão...”
“Ó, ser profano, / Egresso das profundezas, / Que nada tens de humano, / Exceto as tuas torpezas, / Que pareces um homem, / Mas na verdade és um demônio, / E nas chamas que já te consomem, / Rodeado pelo pandemônio, / Hás de arder eternamente / Nas profundezas do inferno!”
“Colocou a pasta do notebook no ombro, / E foi quando notou que sua cachorra querida / Olhava-o, no sofá da sala, com assombro, / E em seus olhos tristes, notou que ela sentia, / Com a certeza de sempre, sem explicação, / Que aquele seria mesmo o seu último dia, / E que nunca mais lhe daria carinhos nem ração... / Passou-lhe a mão na cabeça, com candura, / E sem perceber, uma última lágrima rolou, / Desceu e entrou no carro, e na última aventura, / Então se foi devagar, mas nunca mais voltou...”
“The darkness around you is like a curse, / And it’s slowly devouring your sanity, / But it gets worse and worse, / Eating what’s left you of humanity! / The procession of undead / That surrounds your love boat / Is generating a terrible dread / That squeezes your throat...”
“Diga-me: onde foi que nos perdemos? / Quando a escuridão trocou de lugar com o dia, / Em qual abismo remoto foi que esquecemos / Aquele grande amor que entre nós havia? / Mas eu sinto falta de você assim mesmo, / Esqueci tudo o que sabia sobre paixão, / Mas se posso escolher uma questão a esmo, / O que quer que eu lhe conte sobre solidão?”
“Quem será você, que de negro se veste / E me persegue, sob a luz do luar, / E que me devora, até que nada mais reste, / Nem mesmo o meu último sonho de amar? / De quem será esse estranho vulto, / Que vislumbro nas noites densas, / Nas sombras e paredes oculto, / E que exala fragrâncias intensas?”
“Neste que é nosso último dia, / Escolhemos morrermos juntos, / Amando-nos com ardor até o fim. / Não haverá mais Amor nem Poesia, / Somente a Natureza calcinada e defuntos, / Nesse mundo destruído pelo ódio, enfim! / E, quando a radiação chega, impiedosa, / Invadindo nossos corpos suados, / Beijando-nos até o instante de morrer, / A radiação se instala, vitoriosa, / Sobre nossos corpos desintegrados, / Num amor que nem a morte foi capaz de vencer...”
“Morremos um pouco a cada dia, / Mas quando Deus nos leva alguém que amamos, / A dor que sentimos é quase insuportável! / O chão nos falta, vai-se embora a nossa alegria, / As lágrimas afloram a cada vez que nos lembramos / Daquela ausência imensa e irreparável... / As lágrimas estão sempre ali, à espreita, / Não se esgotaram ao lado do caixão / Que abrigou o corpo de quem nos deixou; / O destino nos legou a tristeza perfeita, / O resto da vida tentando conter a emoção, / Levantando-nos do chão para seguir com o show...”
“O ruim de estar morto / Não é ficar no escuro / Dentro de um caixão / Onde não possa abraçar / Quem no seu enterro chorou / Nesse destino torto / Que não tem futuro / A pior sensação / É não poder se vingar / Do bandido que te matou”
“De nosso amor desalmado, / Já não restou quase nada, / No armário nada guardado, / E nem debaixo da escada... / E desse amor fracassado, / Uma lágrima escorreu / Pelo meu rosto vincado, / Que logo a chuva varreu... / Deixou uma tênue esperança, / Deixada assim sem cuidado, / Que um dia então se perdeu, / Em uma última lembrança, / Que virou para o meu lado, / Soluçou, depois morreu!”
“Quando eu me for desta vida, / Mesmo que eu deixe tua alma partida, / O maior bem que sempre tive é o teu amor, / E este, levarei comigo por onde for...”
“Tentei em vão te resgatar / Do inferno no qual mergulhaste, / Mas lá não é meu lugar, / Esse abismo sem fim onde andaste! / Como pudeste decair desse tanto? / Que demônio te tornou esse traste, / Como pudeste perder todo o encanto / Com o qual um dia me conquistaste?”
“Quando menos se espera, / A tragédia nos acha, / E abre à nossa frente uma cratera, / E dentro dela nos esborracha! / Mesmo se estivermos numa boate, / Dançando descontraídos com nossa paixão, / Terroristas trazem a nós seu combate, / E nos explodem, sem qualquer compaixão!”
“Lá fora, dois homens brincam / De roleta russa, / Com a mesma crueldade / Com que você me expulsa / De seu gélido coração...”
“Não sei se esse líquido vermelho que vejo / Escorrendo pelo canto de sua boca rubra / São gotas de meu sangue ou de vinho! / Em meus sonhos às vezes tenho um lampejo / De que alguma hora eu subitamente descubra / Por onde anda à noite, me deixando sozinho...”
“Por que você não deixa / De sugar todo o meu sangue, / Deixando-me assim exangue, / Murcho como uma ameixa? / Com esse corpo assim amorfo, / Sem uma gota de sangue nas veias, / Esticado como um antropomorfo, / Rasgado por suas garras alheias,”
“Caçadores andam pelas noites / Atrás de suas presas humanas, / Amantes portam balas e açoites / Debaixo de suas camas profanas! / O amor abandonou esse planeta, / Que agora libertou a crueldade, / Deus foi substituído pelo capeta, / Que domina essa infeliz realidade!”
“Brincava gentilmente com toda criança, / Alegrando com seu latido alegre e forte / Toda aquela unida e querida vizinhança... / Mas cães não conseguem entender a morte, / Por isto olha-me com esse olhar de puro abandono, / Cheio de tristeza por um tempo que não mais haverá, / Definhando à inútil espera de seu dono, / Que nunca, nunca mais voltará...”
“E, naquele lugar tão remoto, / Sobre o qual o demônio estendera as asas, / Sobreveio um cruel terremoto, / Demolindo prédios, templos e casas. / E ao final, só restou a miséria, / Naquele lugar onde a iniquidade / Imperava como uma exposta artéria, / Deixando em destroços toda a cidade.”
“Chegaste vindo das profundezas, / Teu hálito tem cheiro de morte, / Queres levar-me em tuas correntezas / E fazer de mim o teu consorte... / Os teus lábios têm um rio de gelo, / Os olhos sombrios emanam raios, / Serpentes circundam teu cabelo, / E desmortos viram teus lacaios...”
“Nas sextas-feiras 13 fico na cama, / Jogo moedas numa fonte, / Sou aquele que muito te ama, / E para teu coração construiu uma ponte! / Não te deixo andar de costas, nem morta! / Se leio no escuro, perco a paz, / E te forço a sair pela mesma porta, / Senão nunca mais voltarás!”
“O mundo está cheio de pessoas vivas / Devoradas aos poucos por vermes carnívoros, / Que gastam seu tempo em vidas furtivas, / Alimentando-se de pobres seres herbívoros! / Seus olhos jazem em órbitas sem fundo, / Inertes, sem vida e descoloridos, / Exalando todo o fedor do mundo / Pelos seus dentes podres e carcomidos!”
“Mas ando cansado de tantos patifes, / Rindo dos pobres que comem lixos, / Enquanto se deliciam com grossos bifes, / Dando filé para seus gordos bichos! / Rogo-lhes todas as pragas da Poesia, / E quero que apodreçam numa masmorra, / Enquanto rio dessa estranha ironia, / Quem eu acuso, querendo que eu morra!”
“O que fazer, quando não restou quase nada, / Quando suas casas foram varridas, / Dos sonhos, restou o olhar perdido na estrada, / E o desespero foi o que sobrou de suas vidas? / O que fazer, quando seus filhos foram levados / Pela correnteza, e nunca mais voltaram, / Até descobrir que morreram afogados / Nessas águas, que suas histórias marcaram?”
“Vi por um momento o ódio surgir em sua face, / E a chuva ácida converter-se em flamas, / Fazendo a cidade arder em chamas, / E enchendo toda a Terra de sangue, / Deixando o meu corpo abatido e exangue, / Amorfo, esticado como uma elipse. / Vi o mundo à beira do apocalipse, / Até que o céu tivesse pena / De toda aquela dantesca cena, / De tanto horror, tristeza e destruição, / E, por amor, fizesse jorrar o perdão...”
“The darkness is around us all the time, / Watching your life behind the lights, / Waiting to kill your best rhyme / And haunting you all the nights! / All things pass, except light and darkness, / Each of them alternating through your life, / But darkness is insidious, and it can suppress / All your dreams, with a simple knife...”
“Nesse estranho torvelinho / Em que enfiei minha vida / Cheguei ao fim do caminho / Dessa estrada comprida / E nesse cruel redemoinho / Que a partir me convida / Sem destino e sozinho / Baila uma palavra proibida / Entalada como um espinho / Em minha garganta sofrida / No último quadrinho / De minha história perdida...”
“Viu sua vida a se derramar pelo buraco da bala, / E sentiu um enorme remorso pela sua amada, / Pois tivera tão pouco tempo para amá-la, / E nunca lhe dissera o quanto ela era adorada... / E assim acabou mais uma tragédia urbana, / Tão triste quanto a própria vida, afinal / Ela é tão frágil quanto uma membrana, / Mas é triste demais morrer em pleno Natal!”
“Quantos caixões serão necessários, / Quantas famílias deverão ser destruídas, / Para esses donos de impérios bilionários / Deixarem de só pensar no ouro de Midas? / Quantos sonhos se perderão em abismos, / Quando ter piedade deixará de ser profano, / Quantos ainda deverão ser os cataclismos / Para que o ser humano se torne apenas humano?”
“Políticos ganham propinas abusando de seus cargos / Vendendo-se em troca de alguns milhões de reais / Enquanto os corruptores exibem sorrisos amargos / A cada vez que exibem seus nomes nos jornais / Amantes um ao outro amor eterno prometem / Antes de se matarem em mais uma tragédia urbana / Em cada noite todas essas histórias se repetem / Como sempre aconteceu nessa aventura humana”
“Cansado dessa minha vida sem mácula, / Passei uns dias longe do calor de Goiânia, / Para visitar o sinistro castelo de Drácula, / Na distante e tétrica Transilvânia! / O tal castelo era mesmo um colosso, / Mas mal mostrava traços do lendário vampiro / Que não podia enxergar um pescoço / Sem mordê-lo até ouvir um último suspiro!”
“Deixei os meus desejos de molho, / E na paixão coloquei panos quentes, / Quando estás perto, fico de olho, / Para não me cravares teus dentes! / Conta-me quem és tu afinal, / Um demônio foragido do inferno, / Ou uma cria de todo o Mal, / Querendo me jogar no fogo eterno?”
“Mas a verdade que não quer calar / É que um artista não morre, / E não devia causar essa dor imensa, / Afinal deixou seu legado por toda parte, / E da vida apenas nos pede licença, / Pois agora vai mostrar a sua arte / Em outro tempo e lugar...”
“Todas as flores secaram, / O inverno mais cruel chegou, / Amantes infelizes se enforcaram, / Teatros explodiram ao fim do show... / Naquele último domingo / Antes da chegada da primavera, / O sangue nas ruas explodiu, e um respingo / Caiu em minha camisa branca austera, / Que nunca mais será a mesma!”
“Relembrei os meus passos, / Alguns acertos, muitos erros, / Tão poucos abraços, / E tantos enterros, / Quantas vezes a magoei, / E você me perdoava, / Tantas vezes que nem contei, / Sem perceber que você chorava, / Contabilizando as perdas e danos, / As lágrimas silenciosas / Em todos esses anos, / As promessas perigosas / Que eu nunca cumpria, / Sob minha máscara de cinismo, / E dessa vez, onde você já não havia, / Fechei os olhos, e me entreguei ao abismo...”
“Uma sombra estranha passou por mim, / Congelando meu corpo até a medula, / Por isto, estou me sentindo mal assim, / Por causa desse mistério que me desarticula! / Que sombra sinistra terá sido esta, / Terá sido um fantasma que me visita, / Ou um monstro que espreita por uma fresta, / Buscando arrebatar minha alma infinita?”
“Se existir um lugar depois deste, / Onde eu possa velar por você, / Estarei eternamente de vigília, / Pois esse seu amor inabalável / Foi a coisa mais linda nesta vida, / Prestes a se extinguir...”
“Vou sugar o seu sangue, / Coisa que eu tanto ansiava, / Até você ficar exangue, / E então virar minha escrava. / Você ainda é tão nova, / E eu tenho centenas de anos, / Por isto eu lhe fiz essa trova, / Por motivos profanos.”
“Se você me oferecer o pescoço, / Talvez eu lhe crave os dentes, / Mas nunca até chegar ao osso, / Pois nucas são como presentes, / Onde beijos são sempre bem-vindos / E costumam provocar um tremor, / E esses arrepios são sempre lindos, / E às vezes se convertem em amor...”
“És tão bela, tão sexy, tão desejável, / Que fiquei com uma dúvida miserável: / Não sei se te como até de madrugada, / Ou se bebo teu sangue, antes da alvorada!”
“Por trás de sorrisos falsos / O Mal nos espreita / Escondendo-se nas bocarras / Onde dentes pontiagudos / Ocultam odores nauseantes / No fundo de velhos cadafalsos / O Mal se deleita / Mostrando suas garras / E soltando uivos agudos / Que enlouquecem infelizes caminhantes”
“Às vezes, tentam sorrir, mas não conseguem, / Pois sua tristeza é seu bem mais profundo, / E a cada dia que nasce, apenas prosseguem / Carregando em suas almas toda a dor do mundo! / E quando morrem, e acaba seu longo inverno, / Poucas pessoas aparecem em seu velório, / Não vão para o céu e nem para o inferno, / Pois seu destino só podia ser o purgatório!”
“O mundo está cheio de verdadeiros zumbis, / Felizes em suas pretensas (quase) vidas, / Ocultos em suas infelizes identidades civis, / Sem mais fantasias, há muito esquecidas. / Em seus peitos, há corações que (quase) não batem, / São como verdadeiros desmortos, / Criando tristes cães que não latem, / Aguardando navios que nunca atracam nos portos!”
“Meu amor por ti já morreu, / Mas, como um cadáver insepulto, / Fica pelas noites buscando teu vulto, / Esperando em vão por um sorriso teu!”
“Senti um sinistro arrepio na nuca, / Quando toquei no teu rosto gelado! / Bateu-me então uma ideia maluca: / Será que és um cadáver reanimado? / Levarei essa dúvida atroz / Até o meu último suspiro, / Pois cada vez que penso em nós, / Só não dói se eu não respiro!”
“Your love haunts me / In such a ways / I’ll never know / But how does this feeling / Should be / So dark for always / And to haunt me so / Like a strange thing? / This haunting love / Hates me / And loves me a while / This strange feeling / Floats in the stairs above / And there always will be / With your haunted smile / That my heart is filling / You’re a ghost that lives / And it will haunt me for years / With your lost memories / Always in my brain / Like the autumn leaves / Or the winter tears / The summer love stories / And the last spring rain”
ISBN | 9781073059607 |
Número de páginas | 231 |
Edição | 1 (2019) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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