O Último Guardião de Trivera

Na Floresta de Trivera, nada se perde — tudo se transforma em memória.

Cada árvore guarda um fragmento esquecido da alma humana: o calor de um abraço não dado, o nome de um amor que partiu, a promessa feita a si mesmo e nunca cumprida. As folhas sussurram essas lembranças ao vento, mantendo viva a essência do que fomos… e do que ainda podemos ser.

Mas agora, algo antigo despertou nas entranhas da terra — uma Sombra que não devora, mas apaga.

Ela se espalha silenciosamente, roubando não apenas memórias, mas o próprio direito de tê-las. Pessoas no mundo humano começam a acordar sem saber quem são. Crianças esquecem o rosto dos pais. Amantes perdem o som da voz um do outro. E, na floresta, as árvores murcham, uma a uma, como velas se apagando.

Ninguém acredita que algo tão pequeno possa salvar o mundo.

Mas Trive não é apenas um ratinho. Ele é o último guardião — um ser feito de raiz, luar e lembranças que ninguém mais quis. Quando a Árvore das Memórias começa a desfolhar-se em silêncio, ele ouve o chamado que só um coração puro pode entender: “Se você não lembrar por todos… ninguém lembrará.”

Com a ajuda de uma menina que perdeu até o rosto da própria mãe, de uma coruja que vê o futuro em lágrimas, e de um guardião caído cuja traição esconde uma dor antiga, Trive embarca em uma jornada além do mundo conhecido — através de cidades feitas de ecos, mercados onde se troca riso por tempo, e lagos que dissolvem a identidade.