O que são as palavras senão símbolos, quase tão arbitrários quanto as letras que as compõem, meros sons da voz aos quais concordámos em dar certos significados, assim como concordámos em traduzir esses sons por essas combinações de letras? O simbolismo começou com as primeiras palavras proferidas pelo primeiro homem, quando ele nomeou todos os seres vivos; ou antes disso, no céu, quando Deus nomeou o mundo para que ele existisse. E vemos, nestes primórdios, precisamente o que o simbolismo na literatura realmente é: uma forma de expressão, na melhor das hipóteses aproximada, essencialmente arbitrária, até obter a força de uma convenção, para uma realidade invisível apreendida pela consciência. Aqui, então, nesta revolta contra a exterioridade, contra a retórica, contra uma tradição materialista; neste esforço para desvincular a essência última, a alma, de tudo o que existe e pode ser percebido pela consciência; nesta espera obediente por cada símbolo por meio do qual a alma das coisas pode ser tornada visível, a literatura, oprimida por tantos fardos, pode finalmente alcançar a liberdade e a sua linguagem autêntica. Ao alcançar essa liberdade, ela aceita um fardo mais pesado; pois, ao falar-nos de forma tão íntima, tão solene, como até então apenas a religião nos falava, ela própria se torna uma espécie de religião, com todos os deveres e responsabilidades do ritual sagrado.
| Número de páginas | 149 |
| Edição | 1 (2025) |
| Formato | A5 (148x210) |
| Acabamento | Brochura c/ orelha |
| Coloração | Preto e branco |
| Tipo de papel | Polen |
| Idioma | Português |
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