A Poesia ainda se embeleza, passa um perfume, coloca uma flor no cabelo; apesar desta nuvem da “lacração”, dos que atiram para ver só o tombo, ateiam fogo, acusam sem provas, disseminam mensagens falsas. A Poesia alegre distribui bons-dias, brinca com as crianças, bajula os pequenos cães, desprende atenção aos mais velhos. A Poesia ainda ouve uma boa música, acredita em amores eternos, descansa também sem culpa, ciente do seu dever cumprido. A Poesia, ainda que castigada, levanta cedo para o trabalho, paga como pode as suas contas, vai driblando as ondas dos larápios, dos sonsos à toa. A Poesia ainda curte um chocolate, bebe um chope ou um vinho de vez em quando. Joga o seu charme. A Poesia no que lhe compete ainda sustenta o mundo, negocia tristes calotes, distribui livros de graça, posta filmes interessantes nas redes sociais. A Poesia é a prova de que ainda vale a pena. Ela pode morrer amanhã, mas nem Deus sabe também a sua hora.
Número de páginas | 116 |
Edição | 1 (2020) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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