Óleo e tinta, a praga de todo serviço sujo; tudo que mesmo debaixo de todo cuidado ainda nos empesteia por dias, adorna as unhas, incute fedentinas, vermelho de barros teimosos, atoleiros; mordidas de cães e borrachudos, quedas de bicicleta, fechadas no trânsito, amigos duvidosos, colegas traidores, chefes mesquinhos; o que com os anos colore toda festiva paranoia; sim, que apesar dos pesares é tudo que se goza. Só nos entendemos quando somos perseguidos, senão que graça tem? A felicidade não demanda palavras, mesmo algum grito de êxtase é alguma falha do não compreendido, troco de alguma velha agonia. Mudamos de lado: a poesia é agora que me escreve, e ela muito mais comedida, ainda sou uma folha em branco. Há quem leia o silêncio; a brisa, uma espécie de braile, mas no que eu insisto é uma tremenda burrice, ou mais dramático ainda, uma triste repetição. Que fique aqui documentado de que sou um doador de órgãos, quem sabe agora este fatídico livro ganhe algum propósito; assassinar-me no real um crime condenado por lei, minhas palavras que se danem; um acúmulo de planetas no signo de touro em meu mapa astral me aponte que tenho uma grande vocação para a terra; o trato com animais, ou ainda a construção civil. Enfim, eu devo acreditar; afinal eu nunca emplaquei. Não queiram mal aos meus livros; é um tanto óbvio, mas é só lê-los...
Número de páginas | 104 |
Edição | 1 (2017) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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