Desde quando eu cheguei a Uberlândia a visão da minha janela no escritório era a Kombi do Matupá. Tem um mês mais ou menos, ele se mudou, e hoje trouxe o guincho para levar a sua lata-velha. Os dias são longos, mas os anos são rápidos, e às vezes nos pegamos com nostalgia por verdadeiros bagulhos. O Matupá assombrava o meu teto com ferramentas que deixava cair, correntes que ele jogava no chão e que quase me matavam de susto. Mas eu não comemoro mais nada. Gostava do Matupá. Ele não me aborrecia. A saída dele pode, infelizmente ser para pior. A minha janela hoje abre uma nova página. Algo em suma inócuo, mas será que daqui há outros cinco anos vou ter algo diferente para relembrar? O policial do bloco da frente nem olha na minha cara. Creio que ele nunca precisará de mim. Talvez daqui há vinte anos, quando a filha dele se casar, não teremos trocado nenhuma palavra. Pensei até que o noivo poderia ser eu. Mas conclui que ele provavelmente teria me matado antes. É tempo demais por vir? Ah... Meu amigo, mas como passa rápido.
Número de páginas | 122 |
Edição | 1 (2020) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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