Um violão ou um telescópio na minha mão é um verdadeiro bagulho. A gente tem que admitir que certas coisas não são para nós. Eu via as fotos da minha prima Andréa Laraia e por uma gana meio besta acabei achando que aquele contexto me caberia. Eu realmente não estou morto, mas querer fazer de rinoceronte um bailarino é forçar demais a barra. No final das contas é isto mesmo e vê se deixam o meu chifre em paz. Se a Rita Lee é a fiel tradução de São Paulo, a minha querida prima é de Brasília; até que para isto ainda lhe falte um pouco mais de grana. Sim, e eu falo me referindo aos que os brasilienses têm tanto orgulho e se veem às voltas no sentido de defender diante do resto do país para quem a nossa ilustre capital sempre remete ao esgoto político. Brasília é descolada, cosmopolita, tem o luxo da sua arquitetura, esta sugestão sempre up-to-date. Parece um enorme condomínio fechado, com aquele povo que já não clama por Copacabana, nem precisa ir muito longe pra gastar o seu dinheiro. O tédio passou. E se convém fazer as malas é por uma boa causa. Meu cordão umbilical ficou por lá. Ele talvez tenha virado isca pra peixe no Lago Paranoá, no mais eu também não me identifico com aquilo ali. Sou um mineiro, meia boca, mas ninguém duvida do meu uai. Certamente meus ossos descansaram nesta terra boa do Cerrado. Se ainda sobrar alguma coisa. Não duvido de chegar lá em cima com casca e tudo. Maria de vez em quando tem que me pôr pra correr. “Vá, meu filho, sua água já está fervendo”.
Número de páginas | 114 |
Edição | 1 (2020) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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