O Leitor é um “amor” e como escritor é difícil não prescindir dele. Não é bem atrás da escrita, das ideias ou de uma habilidade que ele está. Ele quer este lugar. E mais ainda, de graça, sem ter que percorrer o longo caminho, completamente tomado de desencontros. Ele quer as palavras mágicas, como eu implorei na minha carta para a Lucimara: a música, a cor, o perfume, a inspiração, o que é do outro que ele possa engolir ou proferir e se tornar o poeta (ou o príncipe), não este sujeito desacreditado, no seu apartamento imundo, passando o Natal sozinho. Mas um Drummond idealizado, um Vinicius com a garota de Ipanema no colo. E os editores às vezes se prestam a oferecer este engodo, vira a gente de cabeça pra baixo, monta um jogo de cordas fajuto, em que no final ele fica com o troco e o escritor com sua plaquinha de otário, tendo que ser professorado por uma gangue de adolescentes e gente preguiçosa. A mágica infelizmente dura muito pouco. O livro some antes mesmo de ser lido, ali só na capa. Um ideal também que é como uma praga. Prevejo ainda um longo período de agonia. A literatura não há de morrer, mas quantos sonhos ficarão pela estrada...
Número de páginas | 116 |
Edição | 1 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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