Brasília, a minha terra natal, sempre me pareceu um pouco estranha. Vivi muito pouco tempo por lá, e parti ainda criança. Não tinha me dado conta disto, mas sou um cerradino; um candango. Foi desta terra vermelha que eu nasci e, de uma forma ou de outra, isto corre no nosso sangue; a relação inexorável do ser com o seu lugar de origem. Mais do que a pompa da capital do país, o que me anima mesmo é o chão goiano; mais que a tediosa arquitetura, a aspereza do vento; o horizonte fechado em si mesmo, este mar de sertão, a pouca água à vista; o medroso lago Paranoá, mais como um animal doméstico; um descomunal aquário, ou os espelhos d’água do Palácio Itamaraty. Talvez eu me negue para afirmar. O homem goza aquilo que destrata; este perverso miserável. Eu tenha mesmo esta face de cal, este branco reto e pouco gentil. Pura ignorância. A mesma ignorância que nos condena a este estrabismo; esta falta de visão com os recursos naturais: predadores vorazes. Que este livro nos estreite com este impressionante gênio, este bruto leviatã entocado em jactantes rios, deliciosos grotões, puras nascentes. Esta valiosa rapadura, lingote de ouro, o farto Cerrado.
Número de páginas | 134 |
Edição | 1 (2017) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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