Eu deixo a guerra para os heróis! De toda traição, hoje já trato da minha morte. Sigo para que algo meu sobreviva, justifique tantos anos de correria vazia, perdas irreparáveis, sofrimento e incompreensão. Nada me abate. Não me revolto mais. Sofro talvez o pior dos sentimentos: a insensibilidade! Tudo em mim funciona perfeitamente menos o coração. Não o ceticismo, pois este se banha no cinismo. Nem o negativismo, já que este é tão somente a mesma fralda suja posta ao avesso. Estou bestializado, catatônico por um estupor de stress. Estou fatigado num jardim entre ruínas, flores bêbadas, árvores em delírios narcóticos desprendendo os seus frutos podres dando a luz no esgoto... Observo sem o som; a pantomima, a cotidiana cena cansada das musas descabeladas; das fezes pelo chão, dos cães insistentes... O gozo no impenetrável, numa vagina de aço; mumificada... Ainda que na palavra, um teatro sem fala... A vida descolorida diariamente agraciada pela mosca na sopa; um fel intragável e indigesto. Não a melancolia, pois esta é uma das dores mais doces. Não a tristeza, pois esta é apenas morrer de amor... Só o vidro opaco do horizonte, as janelas sujas... Deus entrevado!
Número de páginas | 180 |
Edição | 2 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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