O que se pode escrever na orelha do “Silêncio”? Acaba de parar na vaga em frente à minha janela uma Toro novinha; na antiga vaga do Matupá, o cara que morava no apartamento acima do meu. Vizinho que se enquadra ao mito do “bom gosto musical” só mesmo o do bloco do outro lado do pátio, que tem um portentoso canarinho. Eu gostaria muito de saborear outra falácia que é o tal do “barulho da grama crescendo”. Silêncio de fato é uma coisa rara. Eu tenho uma geladeira que parece um barco. Ela tem uma ventoinha que é acionada de dez em dez minutos. O próprio cooler do computador contribui para um zumbido que meus ouvidos já reclamam. O silêncio é algo que quase não temos senso nenhum, alguma coisa sempre o mói. Isso sem contar a própria máquina das ideias, as suas várias caldeiras: mágoas, reminiscências, conjecturas, taras e merdas irremediáveis. Sabe-se lá quantos canais tem esta mesa. E o que realmente dá pra se aproveitar. “Quem cala consente”, mas este pode ser só o começo da briga. Falando, ainda fica um resto. A escrita promete ecoar por mais tempo, mas o papel anda valendo mais do que as opiniões, as histórias, amores e suplícios. Meu legado é um número, as capas dos livros, a minha estante torta, uma foto. Tudo absolutamente propenso a lixo. Trágico!
Número de páginas | 150 |
Edição | 1 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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