Terrorismo e Comunismo, do pensador tcheco-austríaco Karl Kautsky, nasceu como obra polêmica. Publicada originalmente em 1919, procura estabelecer paralelos entre o Regime do Terror instituído na Revolução Francesa, a Comuna de Paris de 1871, e a Revolução Bolchevique, na Rússia de 1917. Utilizando-se profusamente de dados históricos, Kautsky procura demonstrar que o governo Comunista russo, que se instalara no poder em 1917, pouco se assemelhava à Comuna de Paris, e possuía maior identidade com o Regime de Terror imposto por Robespierre no século XVIII.
Kautsky, criticando especialmente Lênin e Trotsky, procura demonstrar que o caminho adotado pelos bolcheviques não poderia ser denominado de Socialista como. Na verdade, como se estruturou, acabou representando o oposto do que defendiam os verdadeiros socialistas. A democracia e o respeito à humanidade, dirá Kautsky, são os verdadeiros objetivos históricos do proletariado – e não a matança indiscriminada de condenados por tribunais improvisados. “Tal como o velho capitalismo”, afirma Kautsky, imitando Marx, “este novo ‘comunismo’ produziu por si só seus próprios ‘coveiros’”.
Esta obra é uma das mais famosas e menos lidas nas Ciências Humanas e Sociais e da história do desenvolvimento do pensamento marxista. Muito mais lida e conhecida (e traduzida) é a defesa de Trotsky dos métodos soviéticos de governo e, inclusive, do terrorismo. Há algo de dramático em lembrar que a identidade entre Trotsky e Robespierre ultrapassou a crença nos objetivos da violência revolucionária; a história repetiu-se como farsa (como, aliás, adora fazer) nos paralelos que existem também entre sua morte e a do líder Jacobino.
Ler apenas a crítica de Trotsky (que utiliza, aliás, o mesmo título que a obra de Kautsky) é conhecer apenas um lado do argumento. Em Kaustky não temos apenas um crítico do modelo bolchevique de pensar o socialismo e a revolução. Há também um projeto alternativo de pensamento socialista que, com sua defesa da democracia, da conquista do poder de forma gradual por meio de eleições, e a rejeição à violência, acabou sendo vencido na segunda metade do século XX. Os conceitos de Revolução e Ditadura, como concebidos pelos bolcheviques, fundados também pela propaganda política russa – atacada, da mesma forma, por Kautsky – aos poucos se tornaram dominantes no pensamento da esquerda no Ocidente. Inclui-se aí o Brasil.
ISBN | 9786500313154 |
Número de páginas | 198 |
Edição | 1 (2021) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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