O casamento e a inversão do macho... A submissão às regras da casa... Principalmente às regras... A saída da zona sul para um subúrbio pobre, distante. Uma pobreza às vezes traduzida numa simplicidade... Os papagaios em punhos dos moleques azuis fazendo hora extra sob os barrancos; a solidariedade honesta, desprendida... A vizinhança gentil, que no mundo dos automóveis e condomínios fechados dos edifícios das regiões mais nobres é quase inviável! Distante; no suplício dos ônibus lotados, na disputa acirrada por espaço... A condição precária da nova casa... Casa que se adentrou sem vidros as janelas, sem telhado, em piso grosso... Casa que consumiu até os ossos, erguida no sufoco... E mais o drama de aceitá-la, de entender o que se havia perdido, o que agora se somava... E não sem muito vinho; o anestésico do álcool para aguentar as vidas unidas, mulher e marido, concessões imperativas, imperativos convívios... Gatos e pernilongos, os temperamentos explosivos... Mas a constatação de um homem feito. Um poeta que agora apresenta os indícios de uma verve madura. Seu trânsito transcende gênero, classe e ordem... Palavra profícua é este intumescido falo!
Reunião de vários cadernos experimentais e outros que simplesmente foram aproveitados na urgência da escrita, que agora disputava a atenção num ambiente habitado, a solidão raramente disponível. “Palavra Profícua” espeta e amarga, adula e subjuga, tem esta aparência pontiaguda... Os anos que se seguiram o meu casamento, de 2004 a 2010 provavelmente. Anos que forçadamente eu tive que mantê-los no meu estômago... Que muitas vezes quiseram explodir! Num homem que ainda numa condição adversa, agora respondia por um lar.
Número de páginas | 428 |
Edição | 1 (2013) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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